06/09/2025 às 20:21

A Moda dos Inocentes: o Caso Virgínia Fonseca na CPI das Bets

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2min de leitura

A moda nunca foi apenas sobre roupas — ela é linguagem, poder e estratégia. E poucas situações recentes ilustraram isso tão bem quanto a participação da influenciadora Virgínia Fonseca na CPI das Bets, em maio de 2025.

O que poderia ser apenas um depoimento técnico se transformou em um espetáculo de comunicação visual. O moletom preto com a imagem da filha, o copo rosa neon (marca registrada da WePink), o cabelo solto e a maquiagem discreta não foram apenas escolhas estéticas: foram mensagens.

Esses elementos, aparentemente simples, ativaram afetos como empatia, maternidade e proximidade. Em vez de se apresentar como uma empresária que movimenta milhões, Virgínia encenou a “mãe jovem e comum”, suavizando a percepção pública de sua ligação com campanhas de apostas online.

Moda como performance

Na sociedade atual, cada detalhe da aparência pode ser um ato político ou comercial. Gilles Lipovetsky, filósofo francês que estuda moda e consumo, afirma que a moda é um fenômeno social estruturante — ela molda desejos, reforça identidades e até mascara contradições.

Na CPI, o look de Virgínia foi além da estética: virou performance. Em um espaço institucional, onde se esperaria formalidade, ela levou símbolos de afeto e branding pessoal. Como apontaram colunistas e especialistas, a estratégia foi clara: comunicar inocência, fragilidade e humanidade em um ambiente de investigação.

A repercussão nas redes

Se no Senado o impacto foi imediato, nas redes sociais a performance ganhou novas camadas. Enquanto alguns viram inteligência comunicativa em sua escolha, outros criticaram o que chamaram de “teatralização da inocência”.

Memes, comentários e análises se espalharam rapidamente, mostrando que moda não é apenas o que se veste — mas também o que se comenta, se compartilha e se disputa.

Moda, influência e ética

Esse caso levanta uma questão urgente: quais são os limites éticos da influência digital? Quando roupas e objetos de cena são usados para suavizar a imagem em situações de risco, estamos diante de um espetáculo calculado que pode afetar milhões de seguidores — muitos deles jovens e economicamente vulneráveis.

A moda, nesse contexto, deixa de ser um detalhe estético e se torna uma ferramenta poderosa de persuasão. É linguagem, é narrativa, é estratégia.

Conclusão

A participação de Virgínia Fonseca na CPI das Bets mostrou que moda e comunicação estão mais entrelaçadas do que nunca. Seu visual foi um ato de branding pessoal que revela como vivemos em uma era em que a imagem não apenas acompanha a mensagem — ela é a própria mensagem.

O episódio nos convida a refletir: até que ponto a moda pode ser usada como escudo simbólico? E qual a responsabilidade ética dos influenciadores quando sua estética se mistura com práticas de mercado que envolvem riscos sociais?

Na sociedade do espetáculo, nada é apenas aparência. Cada detalhe é performance.


06 Set 2025

A Moda dos Inocentes: o Caso Virgínia Fonseca na CPI das Bets

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