Lançado em 1995, Coração Valente (Braveheart) é um épico histórico dirigido e estrelado por Mel Gibson, que interpreta William Wallace, herói escocês que liderou a resistência contra a dominação inglesa no século XIII. O filme foi aclamado pelo público e pela crítica, conquistando cinco prêmios Oscar, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Fotografia.
A narrativa mistura heroísmo, romance e tragédia, mas é na fotografia que encontramos uma das chaves para a intensidade emocional da obra.

O diretor de fotografia John Toll já havia demonstrado sua habilidade em criar imagens grandiosas e emocionalmente poderosas, e em Coração Valente levou isso ao auge. Toll utilizou câmeras Panavision anamórficas e filmou em locações na Escócia e na Irlanda, aproveitando a natureza para criar imagens quase míticas.
Sua fotografia se caracteriza por:
- Planos gerais abertos, mostrando vastas paisagens que remetem à grandiosidade da luta pela liberdade.
- Uso simbólico da luz natural, muitas vezes dourada, para evocar esperança e espiritualidade.
- Contraste entre beleza e brutalidade, com cenas de batalhas intensas, sujas e caóticas, contrapostas a momentos íntimos e poéticos.
O trabalho de Toll confere ao filme não apenas um realismo histórico, mas também uma dimensão quase lendária.


- ANÁLIS DAS CENAS
A espada cravada no campo
- A imagem da espada de Wallace fincada no solo é uma metáfora visual da continuidade da luta, mesmo após sua morte. Toll usa o horizonte aberto e o céu nublado para reforçar a ideia de eternidade e sacrifício.

O rosto pintado de azul
- A famosa cena em que Wallace aparece com o rosto coberto de tinta de guerra azul é marcada por closes que enfatizam o grito de liberdade. Aqui, a fotografia intensifica a emoção, destacando o personagem contra o fundo da batalha.

As batalhas
- Toll utiliza câmera na mão e movimentos rápidos para dar um tom visceral. O enquadramento fechado nas expressões dos guerreiros cria imersão, enquanto os planos gerais mostram o caos do campo de guerra.


Momentos de intimidade
- As cenas de Wallace com Murron, seu grande amor, são banhadas por luz suave, em contraste direto com a dureza das batalhas. Essa escolha reforça o caráter humano do herói.

A cena da execução
- No momento mais marcante do filme, Toll opta por uma fotografia dramática, com closes intensos e uma luz quase mística, sublinhando a transcendência do sacrifício de Wallace.

Conclusão
A fotografia de Coração Valente, conduzida por John Toll, vai além do registro visual: ela é narrativa, simbólica e emocional. As escolhas de enquadramento, iluminação e movimento de câmera transformam a história de William Wallace em um épico atemporal, em que cada cena ecoa a luta pela liberdade.
Foi graças a esse olhar cinematográfico que o filme se consolidou como um marco visual e estético do cinema épico.