Viver o Festival RDI 2025 foi, para mim, uma experiência que ultrapassa qualquer fotografia que eu já tenha feito. Durante anos, eu assisti de longe às imagens e aos vídeos das grandes lendas do off-road, sempre imaginando como seria estar ali, na linha de frente, respirando a mesma poeira, ouvindo o mesmo ronco dos motores e sentindo a energia daquele mundo que eu sempre amei. Desta vez, não fiquei só observando de fora. Tive o privilégio de fotografar Graham Jarvis, um dos nomes mais lendários da modalidade, bem ali, diante dos meus olhos. É o tipo de sensação que não se descreve com pressa — é algo que a gente guarda, absorve e depois entende que marcou um antes e um depois na nossa trajetória.

Durante o final de semana, eu não era a fotógrafa oficial do evento — e isso nunca foi um problema. Estávamos ali, muitos profissionais, cada um contando sua versão da história, cada olhar captando um ângulo diferente do mesmo momento. O bonito disso é perceber como a fotografia se torna plural quando compartilhada. E ainda assim, naquele universo tão grande e tão intenso, encontrei meu próprio espaço para registrar a essência do festival, para capturar as pausas, as respirações fundas, as vitórias silenciosas e a força daqueles que se arriscam onde quase ninguém se atreve.

Mas existe algo ainda mais poderoso acontecendo: o público feminino cresce a cada ano, e ver tantas mulheres nas trilhas, nos boxes, nos bastidores e até no grid é inspirador. O off-road, que por tanto tempo pareceu um território distante para nós, agora se transforma em um espaço de pertencimento. Mulheres pilotando, mulheres trabalhando nos eventos, mulheres fotografando, organizando, acelerando e vivendo a mesma adrenalina que sempre foi associada aos homens. É bonito demais testemunhar essa virada histórica de perto — e poder registrar cada detalhe é um privilégio.

O Festival RDI me fez lembrar que a fotografia é mais do que técnica; é uma maneira de estar no mundo. E estar ali, lado a lado com as lendas, com o público vibrando, com tantas mulheres ocupando seu lugar e com histórias reais acontecendo diante da câmera, me mostrou que cada clique carrega uma parte de quem eu sou. Saí da trilha com a sensação de que fiz parte de algo grande. Algo humano. Algo verdadeiro.

E é isso que eu quero continuar levando para cada evento, para cada registro e para cada pessoa que acompanha meu trabalho: a emoção de viver o off-road de perto, com alma, respeito e olhar atento às histórias que merecem ser contadas.
